terça-feira, 15 de abril de 2014


Penhasco
 
O agiota, sorrindo-lhe, estendeu a mão para receber o colar. Examinou cada pérola como se desconfiasse da sua autenticidade e, por fim, pagou-lhe menos de metade do real valor.
– Então, até para a semana – bradou o homem de trás do balcão, quando o cliente, curvado, ganhava a rua.
Carlos Sérgio pressionou as notas contra o peito, jurando que aquela seria a última vez. Mas não foi. Àquela se seguiram tantas outras.
Hoje, saiu do casino de bolsos vazios e despido de algo que pudesse empenhar.
Passou pelo agiota, virou à direita e caminhou para o penhasco em busca de redenção.

 
Quita Miguel

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