domingo, 10 de novembro de 2013


Que golpe!


O golpe deixou-a sem ar, tonta. Depois massajou o polegar.

Era um daqueles momentos em que coas os pensamentos, procurando encontrar a saída do caos, mas as únicas ideias que tens são ocas de sentido.

Duas suaves batidas na porta apressaram-na. «Que saco!», pensou. Sentia asco até da velha soca que espreitava debaixo da cama.

Não falaram muito durante o trajecto para o hospital, onde o médico, desinteressado, empurrou o caso para o enfermeiro:

– Quero que cosa!

sábado, 9 de novembro de 2013


Aposentado

– Senta-te lá aí sossegado. Que raios!
– Desculpa – murmuro olhando os cacos da chávena que as minhas mãos não conseguiram segurar e entristeço-me ao perceber que os canso. Sou lento a chegar ao fim da rua, mas os meus passos às vezes ganham vontade própria. Lamento, se faço as mesmas perguntas vezes sem conta, mas a minha memória nem sempre as retém. Sei que não tenho a energia de outros tempos, mas perdoem-se se recuso aposentar-me da vida.