Paro e olho o imenso prado.
Um gato pardo mira-me, espreguiçando-se languidamente.
Outros gatos se aproximam a medo.
Uma nuvem negra envolve o céu.
Ao longe, range um trovão ameaçador.
Gotas grossas penetram-me o camisolão espesso.
Abaixo, brilha a luz do asilo.
Lugar onde a dor se isola.
Aliso o cabelo ensopado de chuva.
Baixo os braços numa repetitiva resignação.
Queria apenas poder dopar a vida.
Negar o inevitável que sempre chega.
Seria uma tosga e tanto.
Quita Miguel