Serões de ontem e de hoje

Durante anos guardou segredos. Pasmada, releu o que a gaveta escondera no quarto materno. Azedume que a deixara amarga, idiotice sabia-o bem. Nem o sol punha termo àquela tremenda asfixia, que lhe apertava a garganta, lhe ocultava qualquer pequena réstia de esperança. Era como ficar com os velhos mistérios arquivados, destruindo histórias mágicas do rio, com que antigamente eram finalizados os serões. Hoje, as reuniões eram à volta da televisão e as conversas haviam-se transformado em monólogos.
Quita Miguel
Desafio nº 128 – 12 palavras com 4 no meio